Parlamentares e lideranças debatem a situação dos povos indígenas no RS
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Por Luiz Osellame - MTB
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Lideranças pedem agilidade na demarcação de terras indígenas
A
Situação dos Povos Indígenas no Rio Grande do Sul foi
debatida em audiência pública promovida pela CCDH na manhã
desta segunda-feira (22). Parlamentares, lideranças
indígenas, representantes de órgãos de governo e Estado temem
retrocesso legal e pedem mobilização.
O
presidente da CCDH, deputado Jeferson Fernandes (PT), agradeceu a
presença de todos no debate importante sobre as questões indígenas
e conclamou os parlamentares favoráveis à causa indígena que
aglutinem forças e lutem contra a propaganda anti-indigenista e o
retrocesso na legislação indigenista brasileira. "É seríssimo
o problema que estamos enfrentando com a regressão das
questões indígenas no Brasil", alertou.
Jeferson
salientou que a Emater realiza um belo trabalho de orientação
técnica às comunidades indígenas e quilombolas, mas é necessário
a implementação de políticas públicas que garantam
a dignidade e os direitos dos indígenas já previstos na
legislação brasileira.
O
deputado Miki Breier (PSB), proponente da audiência pública,
destacou que a questão indígena é pauta permanente dos trabalhos
da CCDH. Ele destacou que recentemente o Parlamento gaúcho aprovou o
relatório final, de sua autoria, da Subcomissão para tratar da
Situação dos Povos Indígenas no Rio Grande do Sul e que
entre as conclusões estão a necessidade de agilizar a
demarcação e regularização de terras indígenas no
estado; ampliação dos investimentos em estruturas de
saúde para atender as comunidades indígenas e maior agilidade
na resolução de conflitos que envolvam estas populações.
Para Raul
Carrion (PCdoB) as populações indígenas, que quase foram
exterminadas com o processo colonizador, ainda hoje vêem sua
cultura desrespeitada com a não demarcação das terras e o
assassinato de suas lideranças. "Esta é a herança que os
brancos civilizados deixaram para os povos indígenas", frisou
Carrion.
Carrion
lembrou que a Constituição de 1988 determinava que em cinco anos
todas as terras pertencentes às comunidades indígenas brasileiras
deveriam ser demarcadas e ainda hoje apenas um terço delas receberam
a titulação. "Hoje se observa a ofensiva do agronegócio
contra os indígenas, que são tratados como inimigos do progresso",
lamentou o parlamentar comunista.
Manifestações
O
representante do Conselho dos Povos Indígenas do Rio Grande do Sul,
Jaime Alves, lamentou que a Constituição brasileira ainda não
tenha sido cumprida quando trata da demarcação das terras
indígenas. "Novamente chegamos a esta plenária para pedir que
o povo branco devolva as terras indígenas", reclamou.
Para
Zaqueu Claudino, representante da comunidade Kaingang, a sociedade
gaúcha conhece pouco a situação dos indígenas no estado e a mídia
apenas trata algumas questões que envolvem apenas os índios da
amazônia, relegando as populações indígenas gaúchas ao
esquecimento.
Zaqueu
cobrou a demarcação das terras indígenas, prevista na Constituição
d 1988, mas ainda não implementada. "Sem terra não há saúde,
não há educação", sublinhou.
O
vice-cacique kaingang, Danilo Braga, apresentou aos presentes uma
série de mapas que mostram o processo de redução das terras
indígenas no Rio Grande do Sul e elencou os prejuízos decorrentes
desta situação para as populações. "Vamos trazer um pouco de
felicidade aos povos indígenas, já que nestes últimos 500 anos a
gente só perdeu", argumentou.
O
representante da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul, João
Otávio Carmona Paz, lamentou que o Estado brasileiro ainda não
tenha cumprido a Constituição de 1988, com a demarcação de
todas as terras indígenas. "Isto é uma violação
gravíssima dos direitos indígenas e a Corte Interamericana de
Direitos Humanos já entendeu que esta situação é passível de
condenação", alertou.
A
representante da Procuradoria Geral do Estado, Maria Patrícia
Mollmann, comunicou que a instituição criou um grupo de trabalho
especificamente para fazer um diagnóstico da situação das
populações indígenas no Rio Grande do Sul, como a questão da
demarcação das terras e buscar a proposição de políticas
públicas que atendam os anseios destas comunidades.
Tâmara
B. Soares, representante da secretaria de Justiça e Direitos
Humanos, destacou que os poucos avanços verificados nas
políticas públicas para as comunidades indígenas são fruto
das lutas dos próprios índios. Para ela a questão da não
demarcação das terras indígenas deve ser levada à Corte
Interamericana de Direitos Humanos como forma de pressão para que a
Constituição Federal seja cumprida.
O
representante da Fundação Nacional do Índio (Funai), Luis Bueno,
destacou que existe perigo de retrocessos na questão legal no que se
refere à demarcação das terras indígenas com a tramitação
no Congresso Nacional da Proposta de Emenda à Constituição 215,
que transfere a prerrogativa de demarcação das terras indígenas do
Ministério da Justiça (Poder Executivo) para o Congresso Nacional (
Poder Legislativo).
Também
participaram da audiência pública o deputado João Fischer (PP),
além de representantes da Secretaria Estadual da Educação e do
Instituto Federal do Rio Grande do Sul, entre outros.
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