segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Casa prisional digna não é regalia para detentos; é garantia para a sociedade

Casa prisional digna não é regalia para detentos; é garantia para a sociedade


O vídeo que mostra a barbárie na Casa de Detenção do Complexo Penitenciário de Pedrinhas , no Maranhão, evidencia a ausência do poder público quanto à necessidade de ressocializar os presos; e a tendência de parcela da sociedade a defender a máxima de que os condenados devem ter como punição adicional o cumprimento da pena em condições desumanas, o que na verdade, só faz transformar os presídios em universidades do crime. O governo gaúcho deve fazer e faz o possível para encaminhar o caso do Presídio Central, embora saibamos que ainda há muito a ser feito e que a questão é bastante complexa. Mas atento para uma alternativa viável que já está em vias de concretização no RS: a implantação do Método APAC (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados) de execução criminal como alternativa ao sistema prisional convencional. Acompanho a mobilização do grupo desde o início de minha gestão na Comissão de Cidadania e Direitos Humanos no Legislativo e sei da seriedade com que o projeto é desenvolvido. Em novembro passado, o governador Tarso Genro acenou positivamente à implantação desse modelo de casa prisional, em audiência da qual também participou o colega deputado Nelsinho Metalúrgico. Na oportunidade, pleiteamos casas prisionais masculinas e femininas. A APAC já existe há 40 anos e há 30 foi implantada com sucesso no estado de Minas Gerais. Pela Comissão, pude comprovar isso visitando a casa da APAC em Itaúna, conhecendo a experiência dos precursores, conversando com os funcionários e detentos.
 
Na APAC, os presos estudam, leem, trabalham e são corresponsáveis pela rotina da casa prisional. O método busca em uma perspectiva mais ampla, a proteção da sociedade, a promoção da Justiça e o socorro às vítimas. Ocorre que os próprios presos são corresponsáveis pela sua recuperação e contam com assistência espiritual, médica, psicológica e jurídica prestada pela comunidade. Entre as diferenças com o regime convencional pode-se destacar a não utilização de algemas, agentes carcerários e armas. Outro ponto importante é a organização da penitenciária, que é realizada pelos próprios presos. Desde o momento em que entram na casa, eles já recebem tarefas. As atividades são de auxiliar na portaria, limpeza e organização, trabalhos manuais, produção na padaria, plantação de horta, cozinha, entre outros.
Além da questão da garantia dos direitos humanos dos apenados, no que tange à sociedade, o principal diferencial positivo desse método é o baixo índice de reincidência no crime. Enquanto os índices nacionais do sistema comum são superiores a 85%, com crimes mais graves que os cometidos inicialmente, pelo Método APAC, o índice é inferior a 7%. E quando isso ocorre, segundo informações do presidente do Conselho Deliberativo da Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC), o procurador de justiça Tomáz de Aquino Resende, o crime é igual ou mais leve que o cometido pela primeira vez. Acontece, na verdade, uma mudança de cultura da pessoa. Então, consegue-se o feito de matar o criminoso e não a pessoa que cometeu o crime. A prova de que o ambiente saudável ajuda na recuperação do apenado.
 
Outra vantagem é o custo do sistema, que é inferior se comparado com o atual: o custo de um preso no sistema comum é de R$ 1.800,00 a R$ 2.200,00. Pelo APAC, o custo de um detento cai para R$ 900.
 
No RS, o projeto tem o apoio de inúmeras entidades governamentais, da sociedade civil, religiosa, universidades e ONGs. Canoas sediará a primeira casa prisional, em terreno já doado pelo prefeito Jairo Jorge. O próximo passo é a constituição de um projeto de lei, em conjunto entre o governo gaúcho e o Grupo de Trabalho APAC, que deverá autorizar a realização de um convênio entre o Executivo e a Associação para proporcionar um sistema educacional e de ressocialização às pessoas que cumprem pena no RS. No retorno ao Legislativo, devo me dedicar a essa questão. É a nossa contribuição para evitar que situações de barbárie como a que infelizmente estamos vendo no Maranhão se tornem rotineiras.

*Deputado estadual e Presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos do Legislativo"

domingo, 5 de janeiro de 2014

BALANÇO 2013

CCDH amplia o debate sobre direitos humanos no estado em 2013

Luiz Osellame - MTE 9500 - 13:23 - 03/01/2014 - Foto: Karine Viana
Comissão também realizou 565 atendimentos de demandas relacionadas a violações de direitos humanos


A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos (CCDH), presidida pelo deputado Jeferson Fernandes (PT), realizou um intenso trabalho em 2013, com 39 reuniões ordinárias e 34 audiências públicas, além de promover a Caravana da Cidadania e a implantação do Método APAC no estado.

Para Jeferson, a CCDH conseguiu neste ano um feito inédito que foi o de trabalhar os principais temas de direitos humanos no Rio Grande do Sul. Ele recordou que, em junho, quando ocorreram as manifestações de rua, o órgão técnico se dispôs a ouvir a juventude, além de realizar audiência pública para debater o Estatuto da Juventude. "Também trabalhamos o tema da violência contra a mulher e a criança, o preconceito contra os negros, indígenas, população LGBT, a população idosa e as pessoas com deficiência, além de apontarmos para algumas soluções de políticas públicas. Eu considero este um ano muito produtivo para a CCDH, mas nós temos ainda muito a conquistar em 2014", avaliou o presidente.

Humanização do sistema carcerário

A CCDH também coordenou um trabalho, em parceria com o MP RS, Tribunal de Justiça, Defensoria Pública, OAB RS e os governos estadual e de Canoas, com o objetivo de implementar no estado uma casa prisional inspirada no método da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Método APAC), além de participar da mobilização para assegurar a filantropia da Emater.

As audiências públicas promovidas pela CCDH nos mais diferentes municípios do Rio Grande do Sul debateram temas como a criação da Rede Estadual de Direitos Humanos; demarcação de terras Guaranis; a segurança alimentar e produção de Alimentos sem agrotóxicos; o trabalho infantil na Copa; a exploração sexual infanto juvenil e as políticas públicas; a campanha nacional de luta contra a violência e o extermínio de jovens; a XI Jornada Estadual contra a violência e exploração sexual de crianças e adolescentes e as políticas públicas para a pessoa idosa, entre outros temas.

Caravana da Cidadania

A CCDH também realizou, em 2013, a Caravana da Cidadania nos municípios de Santo Antônio das Missões, Cerro largo, Giruá, São Luiz Gonzaga, Vitória das Missões, Santo Augusto, Três Passos, Santa Rosa, Horizontina, Bagé e Imbé com o objetivo de difundir nas comunidades os direitos humanos.

A CCDH também relizou neste ano 565 atendimentos de demandas relacionadas a violações de direitos humanos.

Composição

Além do presidente Jeferson Fernandes (PT) e do vice, Valdeci oliveira (PT), compõem  CCDH como membros titulares os deputados  Edegar Pretto (PT), Aldacir Oliboni (PT), Giovani Feltes (PMDB), Álvaro Boessio (PMDB), Adolfo Brito (PP), Jorge Pozzobom (PSDB), Elisabete Felice (PSDB), Miki Breier (PSB) e Cassiá Carpes (SDD).

São membros suplentes da CCDH os deputados Adão Villaverde (PT), Marisa Formolo (PT), Miriam Marroni (PT), Nelsinho Metalúrgico (PT), Alexandre Postal (PMDB), Maria Helena Sartori (PMDB),  Dr. Basegio (PDT), Mano Changes (PP), Adilson Troca (PSDB), Pedro Pereira (PSDB) e Catarina Paladini (PSB).