Comissão realiza debate sobre discriminação racial
Na reunião
ordinária da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, na manhã da quarta-feira
(12), os parlamentares ouviram representantes do movimento negro e de outras
comunidades e parcelas da sociedade vítimas de discriminação. Era aguardada a
presença do árbitro Márcio Chagas, a convite do presidente da CCDH, deputado
Jeferson Fernandes (PT), que falaria sobre o episódio de racismo que vivenciou
na semana passada durante jogo entre Esportivo e Veranópolis, em Bento
Gonçalves, porém ele não chegou a tempo para o encontro.
Deputados e demais
participantes chamaram a atenção para o fato de que o racismo não se restringe a
episódios isolados com repercussão na mídia. Está, segundo eles, no cotidiano e
nas instituições. Conforme a psicóloga Fernanda Bassani, coordenadora técnica da
Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Porto Alegre, os negros
correspondem a 16% da população do Rio Grande do Sul, mas no sistema
penitenciário gaúcho equivalem a 36%.
Ivan Braz, do
grupo Angola Janga, aproveitou a ocasião para repudiar declarações dos deputados
federais gaúchos Alceu Moreira (PMDB/RS) e Luis Carlos Heinze (PP/RS), que,
segundo ele, incitariam à violência. Para Braz, o meio esportivo tem dado
resposta a atos racistas, no entanto a mesma postura não é vista no meio
político. Ele pediu que a Comissão cobrasse um pronunciamento oficial dos
partidos envolvidos.
O deputdo Jeferson
considerou, no entanto, que o meio político devia sim uma resposta à sociedade.
O parlamentar, por sua vez, declarou-se chocado com a fala de colega da
Assembleia (Gilberto Capoani, do PMDB) ontem, na tribuna, que, segundo ele,
reforçaria a incitação à violência identificada nas falas dos deputados
federais.
Pernambuco, do
Movimento Quilombolista, classificou o debate da Comissão como "histórico".
“Vivemos sob parâmetros eurocêntricos que induzem ao desrespeito”, disse. “Fomos
tratados como animais e ainda somos vistos como tal”, acrescentou. Ele apontou
desigualdades na aplicação das leis e disse que elas “estão aí para manter o
status quo”.
Jorge Terra,
procurador do Estado e integrante da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RS,
sugeriu que a Comissão questionasse a Secretaria da Educação sobre quais
esforços estariam sendo feitos para a implementação do Art. 26-A da Lei de
Diretrizes e Bases (Lei 9.394/1996), que torna obrigatório nos estabelecimentos
de ensino fundamental e de ensino médio o estudo da história e cultura
afro-brasileira e indígena.
Manoel Fernando
Rosa e Silva, do gabinete do senador Paulo Paim (PT/RS), avaliou que é o racismo
institucional que mantém o racismo vivo e que é preciso agir nas
instituições.
Próximas
ações
O deputado Valdeci
Oliveira (PT) informou que na próxima quarta-feira (19), às 10h, em cerimônia no
Salão Júlio de Castilhos, será instalada a Frente Parlamentar contra o Racismo,
a Homofobia e outras formas de de Discriminação. A iniciativa conta até o
momento com a assinatura de 38 parlamentares.
Já no dia 26 de
março, após reunião da Comissão, haverá audiência pública, por proposição dos
deputados Jeferson Fernandes e Raul Carrion, sobre demarcações de terras
quilombolas.
Com informações de Marinella Peruzzo -
ALRS
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